quarta-feira, 6 de setembro de 2017

7 DE SETEMBRO, UMA DATA DE DISTANCIAMENTOS

             Quando inicio a discussão sobre o tema nas turmas que leciono, sempre procuro deixar em evidência que a real independência do Brasil não aconteceu tão somente amalgamada ao grito solitário de D. Pedro I, às margens do famoso riacho Ipiranga e da efetiva participação popular na política oitocentista. Separar-se de Portugal naquele ano significou um afago doce nas cortes brasileiras, representantes de uma pequena parcela da grande população, ainda sem liga identitária, residente no Brasil. As distâncias entre a declaração do fanfarrão imperador e os desdobramentos administrativos sequenciados no Rio de Janeiro, bem como as mudanças erigidas no corpo social se apresentaram do tamanho do território nacional: gigantes.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

QUANDO O PASSADO É O NOSSO...

            O historiador lida com a dimensão temporal. A todo momento embarca numa viagem incerta em busca da reconstrução do passado. E ele, o passado, tem a característica límpida de afetar o presente daqueles que o encontram cara a cara, que de alguma forma se veem conectados às tramas que o surpreendem pela leitura, pelo olhar. Quando reconstruímos, ou pelo menos tentamos de acordo com o instrumental que possuímos, o passado de outrem, obviamente não há pessoalidade envolvida.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

NASCEMOS APENAS UMA VEZ

  Não me parece, nem me parecerá, pelo jeito, apreciável a ideia de que o indivíduo possa nascer de novo. A concepção de que, por quaisquer motivos que sejam, ele possa começar um novo estágio da vida sem que as marcas do seu passado ainda não estejam vivas e prontas para continuarem ferindo ou curando a outrem, muito provavelmente se demonstra inconsistente quando nos deparamos com a noção de que todas as ações do indivíduo são estendíveis àqueles que com ele mantiveram contato íntimo e, portanto, permanecem ativas. Por mais que alguém consiga apagar de si memórias sórdidas, atos delituosos ou errôneos, o estará fazendo apenas de maneira singular e por consequência imediata e subsequentente, também incompleta.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

TEMPOS DE MINIMALISMO ANALÍTICO

  Quando lemos comentários avulsos nas redes sociais ou nos principais portais de notícias que cobrem a política nacional não demoramos muito pra entender que o tempo de amadurecimento da nossa democracia não foi profícuo para o aperfeiçoamento opinativo da maioria dos eleitores que compõem o nosso país. A sensação que paira diante das observações é que, dificilmente, a curto prazo, estaremos preparados para tratar dos nossos calamitosos problemas por meio de leituras acuradas e cabíveis aos mesmos, no sentido oposto ao que se produz de extremismos hermenêuticos suficientes à produção de mais problemas do que soluções.