Não me parece, nem me parecerá, pelo jeito, apreciável a ideia de que o indivíduo possa nascer de novo. A concepção de que, por quaisquer motivos que sejam, ele possa começar um novo estágio da vida sem que as marcas do seu passado ainda não estejam vivas e prontas para continuarem ferindo ou curando a outrem, muito provavelmente se demonstra inconsistente quando nos deparamos com a noção de que todas as ações do indivíduo são estendíveis àqueles que com ele mantiveram contato íntimo e, portanto, permanecem ativas. Por mais que alguém consiga apagar de si memórias sórdidas, atos delituosos ou errôneos, o estará fazendo apenas de maneira singular e por consequência imediata e subsequentente, também incompleta.
Seríamos praticantes desta modalidade de egoísmo apaziguador das nossas cabeças? Um estado de contemplação de um novo tempo nosso, porém que não se coaduna com um também novo tempo daqueles que modelamos para as boas práticas ou afligimos com mão forte? Que moral é esta que diz que somos felizes apenas quando estamos isoladamente felizes?
Talvez seja a moral que implantou na (in)consciência coletiva a noção de perdão como símbolo de uma possível resolução para a equação da felicidade que não pode ser sem ser acompanhada das outras felicidades. O perdão vem do outro, majoritariamente quando requerido através de um pedido, quase nunca da iniciativa do seu futuro cedente ou doador. É a arma cujo gatilho geralmente é puxado pelos dedos ainda sujos daquele que nasceu de novo, mas quer nascer totalmente ou pelo menos de maneira ampla.
Talvez seja a moral que implantou na (in)consciência coletiva a noção de perdão como símbolo de uma possível resolução para a equação da felicidade que não pode ser sem ser acompanhada das outras felicidades. O perdão vem do outro, majoritariamente quando requerido através de um pedido, quase nunca da iniciativa do seu futuro cedente ou doador. É a arma cujo gatilho geralmente é puxado pelos dedos ainda sujos daquele que nasceu de novo, mas quer nascer totalmente ou pelo menos de maneira ampla.
Mas será que quem perdoa está a perdoar? Qual a substância do verdadeiro perdão? Não seria ele apenas um acordo criado para que a harmonia separada de dois indivíduos se transforme em apenas uma? Mas já não seria o suficiente, os moralistas dor XXI poderiam dizer? Até poderia, mas o que me transparece num primeiro plano é a afirmação da necessidade das convenções e não da bondade essencial que supera os mais distintos atritos fagulhados entre as pessoas.
Mas será que que amou no passado não produziu mais amor, mesmo que este esteja inativo na caminhada atual produzida para si? O nascer do novo, principalmente aquele catalogado nas entranhas da crença assumiu quase que na sua totalidade um caráter de redenção. O mau que tornou-se bom. Nunca o bom que tornou-se mal. Pois bem, ou assumimos que o nascer de novo não está associado a apenas uma via do já pedante maniqueísmo, de certo modo, estamos interferindo sobremaneira na modelagem dos fatos que para nós se demonstram passíveis de interesse.
Para que o ser nasça de novo todas as marcas interiores e principalmente exteriores do ser social teriam que ser extinguidas sem sequelas físicas ou psicológicas. Quem ou o quê ativaria essa cadeia motora de resultados? O próprio ser apenas? Não vejo tal emancipação. Aqueles que com ele mantiveram aproximação significativa? Mas quem seriam eles e onde eles estão agora? Porventura já teriam nascido também de novo sem, é claro, a participação do ser social que sequer lembram mais quem é? O movimento relacional é amplo demais para que possamos nascer mais do que aquela vez que choramos apenas pela percepção física da vida.
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