O conhecimento, de modo geral, é uma coisa tão imprescindível
na vida humana, que não necessita de muitas justificativas que o coloquem como
tal. Deixo isso para uma outra oportunidade. Imprescindível também é a maneira
como nos portamos diante do mesmo e das pessoas que nos cercam.
Portar uma carga maior de saberes não nos torna superiores ou infalíveis. Nos torna instrumento, nos
torna veículo, nos torna agente de transformações laboriosas, porém
necessitadas pelo nosso planetinha de quinta.
Sou deveras chato, de temperamento oscilante, portador de uma
timidez que às vezes é prejudicial ao convívio, todavia nunca quererei ser
marcado pela mesquinharia em minha história. Enxergar os demais como
inferiores, como ''os que podem se conformar com pouco e que não precisam de
patamares tão elevados de racionalidade'', é de uma arrogância tão gananciosa
que o ar começa a me faltar.
Desmerecer a capacidade reflexiva alheia por
simples promoção a si? É isso mesmo?
É exatamente isso infelizmente. Há pessoas que ainda
não descobriram o sabor da partilha equânime do pensar. Não sentiram ainda o
prazer que dá ver um ser humano em franco desenvolvimento intelectual. Uma
coisa é ter consciência, mesmo que produzida pelo meio, que não são todos os
que ascendem à exploração do maravilhoso ser cognitivo que somos, outra
enormemente diferente é bloquear o acesso daqueles que não sabemos suas
pretensões de vida.
Intervenho com acuidade, sempre que posso, aos
meus alunos. Àqueles que, assim como eu, apesar de uma faixa diferente e normal
de formulação de ideias, estão em construção. Os digo que cresçam, que se assim
pretenderem, façam melhor do que o tradicional, o que, pela maioria da
sociedade, é pregado como o limiar dos esforços para eles. Detonem com o
professor, mostrem a ele os seus erros, as suas imperfeições. Ele se aprimora e
vós mais ainda.
Tenho medo de certos comportamentos, viu.
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