Os jogos olímpicos de agosto e as eleições municipais de outubro podem
produzir efeitos vetoriais distintos na desgostosa população brasileira do
agora. Dois eventos de importância capital para sabermos a quantas andam nossas
capacidades infraestruturais e democráticas, que há um bom tempo andam sendo
questionadas pela profusão opiniosa das redes sociais e afins e que, podem,
ainda este ano ter suas imagens ainda mais embaraçadas perante o país.
Sabemos que as olimpíadas estão longe de serem unanimidade em termos de
reconhecimento e aceitação por parte do brasileiro. Primeiro porque de 2013 para
cá o Brasil tem passado por turbulências políticas e sociais até então não
semelhantes a nada parecido com tempos pregressos. Questionamentos sobre
modelos administrativos, sobre ideologias políticas que fracassaram, testes em
novas alternativas de poder, além do constante desagrado com os nossos velhos e
ruins serviços públicos que não deixam ninguém entusiasmado para a faceta do
divertimento ou entretenimento. Segundo porque a economia vai mal e o reflexo
dos seus índices negativos é, em síntese, o aumento generalizado dos preços e a
diminuição abundante dos postos de trabalho para aqueles que mais necessitam
dos mesmos em situação regular. Não há clima, mas mesmo assim, as Olimpíadas estão
a caminho e exibirão em 4K para o mundo uma parcela do que é o Brasil
cotidiano. Medalha de ouro para as contradições...
Adiante, em outubro, teremos mais uma “festa da democracia” para
continuarmos a não entender o porquê da não simetria dessa frase com a real
dimensão do processo eleitoral. Sentida e avaliada por eleitores sem crença no
sistema político partidário que temos, as eleições deste ano servirão mais uma
vez para um momento de autoavaliação do poderio do nosso voto, além da
possibilidade de reconfiguração das forças políticas a nível capilar. Para
melhor ou para pior. Certamente, não há como vícios que perduram há muito tempo
serem quebrantados a curto prazo, porém, mesmo a passos de tartaruga, que
possamos abandonar às más escolhas políticas, aquelas que se dão pelos favores,
pelas cores, pelos oportunismos, em suma, pelos personalismos cordiais
ressaltados por Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil e, passemos e
deliberar por projetos e ações que privilegiem a coletividade. Seria pedir
muito?
Quando 2016 chegar ao fim, talvez, possamos sentar e refletir se
levamos mais algumas goleadas vexatórias ou se estamos aprendendo os sentidos
primeiros de resiliência e aprendizado, tomando-os como ponto de partida para
mais profícuos planejamentos táticos desenvolvidos para a nação. Não apenas
aqueles desenvolvidos para os gramados, é claro.
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