quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O ERRO DA REELEIÇÃO DE DILMA ROUSSEF

Antes de ser mais um observador da política brasileira, também sou um dos eleitores que declararam a sua preferência nas urnas em 2014. Um trecho de um dos jingles de Aécio Neves dizia: “Quem tá querendo crescer? Quem tá querendo mudar? Quem quer um país melhor, funcionando, vem também, vem cá!” Ao ler esse fragmento, pude entender qual a motivação que me fez votar no seu projeto de governo. Eu queria mudanças. Mudanças que partissem de uma facção política com certo teor de afastamento das práticas administrativas do atual modelo governativo federal, pois a previsibilidade para alterações de gestão emergidas no próprio governo chegou a nulidade, segundo a minha percepção. Não dava mais para acreditar nas hostes petistas e seus discursos esvaziados.

Não me lembro de ter erguido um pedestal para colocar Aécio em cima, tampouco ter sonegado seus erros e fragilidades na carreira política. Lembro de ter tido muitas dúvidas a respeito das suas competências para assumir a direção do país, assim como sobre as práticas pregressas do PSDB no período em que esteve à frente do Planalto. Só que os espinhos não foram tudo na hora da decisão. Poderiam ter sido para aqueles que, pela tônica dos seus discursos, têm objetivos bem explícitos a defender, mas para aqueles que têm por finalidade primeira das suas análises políticas depurar diferentes posicionamentos e ideias, tomar um partido político como totalmente bom e algum outro como totalmente ruim é muito pouco.
Apesar de serem iguais na essência, tal como eu defendi em outro texto meu, PT e PSDB, tendo em vista que são as duas maiores forças partidárias nacionais, precisam de revezamento constante para não apodrecerem por completo na hora em que estão suspensos pelo poder. Chega uma hora que o revezamento se faz necessário, antes que a podridão se torne tão metastática que acometa o Brasil no seu ponto mais importante: o seu povo. Quando o povo sente as dores, é evidente que diagnóstico é grave e de difícil cura.
Esse diagnóstico, que pode ser avaliado por cada um dos mais de duzentos milhões de brasileiros, não poderia ser previsto ao assistirmos todos os guias eleitorais petistas do segundo turno das últimas eleições. O chavão maior do PT foi demonizar o PSDB e tornar hermética toda e qualquer medida impopular que fosse tomada a partir de 2015 pelo governo, pois, pelo contrário, a ideia era jogar tudo isso para os planos peessedebistas. Enquanto estratégia de campanha o êxito foi total, pois a população acreditou e Dilma se reelegeu. Nos termos de hoje, grande parte se enganou, diga-se de passagem.
Nesse sentido, duas perguntas podem ser feitas: Teria Dilma sido reeleita caso a população soubesse das medidas que seriam adotadas pelo governo no início do seu segundo mandato? E na hipótese de uma vitória tucana em 2014: Estaria Aécio tomando as mesmas atitudes de gestão antes as dificuldades econômicas previstas para o Brasil em 2015? A primeira pergunta é mais difícil de responder, pois há uma série de outros fatores de ordem social que implicariam efetivamente na resposta. Já a segunda tem a sua resposta mais fácil de ser traçada.
O quadro econômico brasileiro para o corrente ano não seria animador para qualquer governo que assumisse as suas rédeas. Algo notório na boca dos mais renomados economistas brasileiros. Medidas e correções impopulares teriam que ser tomadas ao sabor da opinião pública e, talvez, a enxurrada de críticas não tão construtivas dirigidas à presidente Dilma Rousseff estivesse sendo direcionada ao senador Aécio, caso tivesse sido eleito. Mas a questão é que temos dois olhares diferentes sobre o mesmo objeto, ou seja, duas maneiras diferenciadas de ação na seara econômica nacional.
A política econômica petista beira o caos, ou o desastre. O rumo foi perdido, as premissas de ação são elaboradas ao andar dos bois pelo pasto e a população agora paga na própria pele a ineficiência do governo na resolução desse conflituoso empasse. Deixemos tabelas e gráficos do macro para os especialistas e passemos a observar aquilo que conosco acontece. Juros exorbitantes em se tratando de negociações bancárias, impostos desconcertantes na alimentação, no setor de combustíveis. Crise no setor de energético, acarretada pelo mal planejamento federal em termos de geração e distribuição de eletricidade e que, aos olhos petistas, pode ser resolvida a partir de um aumento de quase 40% na conta de luz das donas de casa. Enfim, quando a incompetência assola os alicerces do planejamento fiscal, bom trato com a coisa pública pode ser suplantado por um “pacote de maldades” despejadas para a população.
Sob a minha ótica, o que faria o projeto governativo peessedebista ser diferente, na seara econômica, seria a alternância de olhares. O outro olhar mencionado anteriormente, que, mesmo incidindo sobre o mesmo objeto, traria resultados diferentes. A equipe montada a partir da chefia de Armínio Fraga teria plenas condições de impor uma nova estruturação para o cenário econômico brasileiro, todavia, nunca esquecendo de mencionar, não foi o que o brasileiro quis nas urnas. A campanha lamacenta petista impediu que se projetasse na visão dos mais desavisados politicamente qualquer tipo de alternativa viável à sua maneira de agir. Quanto ao preço, ele está sendo pago antes do término do primeiro mês de mandato da tímida presidente que elegemos, ou melhor, que mais de metade dos brasileiros elegeu. E eu não fiz parte desse grupo, deixando claro mais uma vez.
Se eu pudesse reduzir o complexo resultado do último pleito a um erro ou acerto da população brasileira, diria eu que o Brasil errou ao reeleger Dilma Rousseff. Teve, batendo na porta, um vislumbre de mudança, mas o negou devido ao momento. Optou pela continuidade de um projeto que pode nos levar à recessão financeira, como nos mostrou a revista golpista Carta Capital essa semana. O PIG agora tem um membro de esquerda.

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