quarta-feira, 29 de outubro de 2014

IN’DECISÃO...

Dois projetos. Um edificado sob o respaldo da continuidade e outro que se suporta no ideal da mudança. O primeiro, representado pelo PT, já demonstrou eficiência na administração pública, corrigiu erros históricos, amenizou desigualdades, entre outras benesses. O segundo, tucano, deu ao Brasil a estabilidade econômica necessária ao seu crescimento e desenvolvimento posterior, deu início a importantes programas sociais que se aprimoraram e cresceram ao longo do tempo. Avanços irrecusáveis, caso a perspectiva de análise esteja alijada dos discursos interessados das militâncias de ambos os seguimentos partidários. Discursos de anulação acionária mútua que são necessários para que o jogo do poder funcione, diga-se logo.
De certo modo divergentes em termos plásticos, antagonizados por uma suposta explícita divergência ideológica, protagonistas de um embate duradouro de posições e contraposições, porém iguais na forma de existir, na maneira como interpretam o poder e como recorrem aos meios mais esdrúxulos para transformá-lo num objeto de pertencimento apropriado com garras. Em um momento de pouco afeto pelas instituições públicas desse país, é difícil, mas um vez deixando claro, a observar o desenho conjuntural da política brasileira, desvencilhando-se das defesas interessadas, perceber algo de valoroso ou benéfico nesses dois projetos político-administrativos. Testados e apalpados pelo seio da sociedade, não corresponderam na tentativa de governar o Brasil, pois, gerir esse continente-pais é, sem margem para dúvidas, lidar com os extremos de uma nuvem carregada de desejos, de visões, de sentimentos e de anseios que estão fixados em uma região geográfica ou uma classe social. Falharam.
Em termos de decisão pessoal, optar por esse ou aquele ideal, não exprime-se em ajuste com a presumida representatividade que a democracia impõe. Há um determinado consenso entre os eleitores a respeito do votos nulo e branco. Tal ideia acopla a interpretação de que o voto é precioso demais para não ser aproveitado em amparo a determinado seguimento político, mesmo que o escopo da decisão seja efetuado por critérios de eliminação. O menos pior projeto de governo seria agraciado nesse caso. Pois bem, a priori, esse entendimento tácito, apesar de ser aceitável, não condensa a gama de posicionamentos existentes entre os eleitores, além das suas próprias inferências acerca do que é uma democracia e de como a mesma, enquanto mais razoável sistema político existente, deve propiciar aos seus utilizadores. O voto em branco ou nulo não é um acovardamento ou descompromisso do eleitor para com o seu futuro, tampouco representa a indiferença do mesmo em relação ao processo eleitoral. Pode representar sim, mas não somente. Ele é sintomático.
No Brasil, ao falarmos do amanhã vindouro, paira na população um sentimento de descrença, de depreciação. Uma sensação de que pouco ou nada pode ser feito no sentido de solucionar problemas existentes e impedir novos. A explicação básica é aquela que versa por um problema estrutural e histórico das nossas instituições político-administrativas, a mais profunda é aquela que avalia o nosso comportamento diante delas, muitas vezes de continuísmo e aceitação insensível. Não há boas opções. Caso queiramos, não há necessidade de escolha. Fica pra próxima, Brasil.

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