Dois projetos. Um edificado sob o
respaldo da continuidade e outro que se suporta no ideal da mudança. O
primeiro, representado pelo PT, já demonstrou eficiência na administração
pública, corrigiu erros históricos, amenizou desigualdades, entre outras
benesses. O segundo, tucano, deu ao Brasil a estabilidade econômica necessária
ao seu crescimento e desenvolvimento posterior, deu início a importantes
programas sociais que se aprimoraram e cresceram ao longo do tempo. Avanços irrecusáveis,
caso a perspectiva de análise esteja alijada dos discursos interessados das
militâncias de ambos os seguimentos partidários. Discursos de anulação
acionária mútua que são necessários para que o jogo do poder funcione, diga-se
logo.
De certo modo divergentes em
termos plásticos, antagonizados por uma suposta explícita divergência ideológica,
protagonistas de um embate duradouro de posições e contraposições, porém iguais
na forma de existir, na maneira como interpretam o poder e como recorrem aos
meios mais esdrúxulos para transformá-lo num objeto de pertencimento apropriado
com garras. Em um momento de pouco afeto pelas instituições públicas desse
país, é difícil, mas um vez deixando claro, a observar o desenho conjuntural da
política brasileira, desvencilhando-se das defesas interessadas, perceber algo
de valoroso ou benéfico nesses dois projetos político-administrativos. Testados
e apalpados pelo seio da sociedade, não corresponderam na tentativa de governar
o Brasil, pois, gerir esse continente-pais é, sem margem para dúvidas, lidar
com os extremos de uma nuvem carregada de desejos, de visões, de sentimentos e
de anseios que estão fixados em uma região geográfica ou uma classe social.
Falharam.
Em termos de decisão pessoal,
optar por esse ou aquele ideal, não exprime-se em ajuste com a presumida
representatividade que a democracia impõe. Há um determinado consenso entre os
eleitores a respeito do votos nulo e branco. Tal ideia acopla a interpretação
de que o voto é precioso demais para não ser aproveitado em amparo a
determinado seguimento político, mesmo que o escopo da decisão seja efetuado
por critérios de eliminação. O menos pior projeto de governo seria agraciado
nesse caso. Pois bem, a priori, esse entendimento tácito, apesar de ser
aceitável, não condensa a gama de posicionamentos existentes entre os
eleitores, além das suas próprias inferências acerca do que é uma democracia e
de como a mesma, enquanto mais razoável sistema político existente, deve
propiciar aos seus utilizadores. O voto em branco ou nulo não é um
acovardamento ou descompromisso do eleitor para com o seu futuro, tampouco
representa a indiferença do mesmo em relação ao processo eleitoral. Pode
representar sim, mas não somente. Ele é sintomático.
No Brasil, ao falarmos do amanhã
vindouro, paira na população um sentimento de descrença, de depreciação. Uma
sensação de que pouco ou nada pode ser feito no sentido de solucionar problemas
existentes e impedir novos. A explicação básica é aquela que versa por um
problema estrutural e histórico das nossas instituições
político-administrativas, a mais profunda é aquela que avalia o nosso
comportamento diante delas, muitas vezes de continuísmo e aceitação insensível.
Não há boas opções. Caso queiramos, não há necessidade de escolha. Fica pra próxima, Brasil.
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